Modelo cívico-militar é apresentado em escola de Chapecó
- OESTE EM FOCO
- 20 de fev. de 2020
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Alunos da Escola de Educação Básica Professora Irene Stonoga, de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, receberam nesta terça-feira (18) a presença de representantes do programa escola cívico-militar. Ao todo, cerca de 670 alunos da unidade de ensino conheceram de perto o programa que deve ser implantado nos próximos dias na instituição.
Yuri Zimmermann, que estuda na escola, diz que está ansioso para às mudanças e acredita que muita coisa vai melhorar. “Penso que vai melhorar muito, porque não vai ter mais briga na escola, discussão, acho que vai mudar muita coisa. Estou mais ansioso pelo uniforme”, disse o aluno.
Este sentimento de segurança, mesmo antes do projeto iniciar, já toma conta dos alunos. Segundo a diretora da escola, Carla Remboski de Melo, três novas turmas foram criadas na instituição depois do anúncio do programa.
“Aumentou a procura de vagas, estamos com uma expectativa bem grande da comunidade, dos pais, dos alunos e nossa também, pois, é um projeto-piloto, um programa novo que está vindo para a nossa região. Nossa expectativa é bem positiva”, disse Carla.
O Coronel da Reserva, Osvaldir Kassburg, será o oficial gestor escolar. O profissional vai atuar com a diretora da instituição.
Todo o efetivo militar vai ser com profissionais da reserva, que já passaram por curso de capacitação. Será um policial para cada 60 alunos. Vários temas serão trabalhados com os estudantes.
“Estamos aqui para agregar, trabalhar alguns aspectos a mais daquilo que já vem sendo trabalhado, como o desenvolvimento de valores, a disciplina e aspectos que são desejáveis no mercado de trabalho, como, por exemplo, liderança, verbalização, capacidade de trabalhar em grupo”, salienta Kassburg.
Investimentos nas escolas
Além de Chapecó, outras duas escolas de Santa Catarina receberão o projeto. São as escolas Professor Angelo Cascaes Tancredo, em Palhoça, e Emérita Duarte Silva e Souza, em Biguaçu.
A unidade visitada nesta terça atende alunos do ensino fundamental e médio, que estudam pela manhã e à tarde.
De acordo com a Secretaria de Estado da Educação, o governo federal vai investir na estrutura.
Já o Governo do Estado ficará responsável pelos policiais militares e bombeiros militares da reserva que atuarão na escola de Chapecó. Em Chapecó, o investimento é de R$ 1 milhão do Governo Federal, que será distribuído em diferentes áreas para a implantação do programa.
“O valor será transferido para a Secretária de Educação para capacitação dos profissionais, uniformes, melhorias estruturais e de laboratório, além da remuneração dos oficiais que vão trabalhar. A expectativa é grande”, explicou Vitor Fungaro Balthazar, secretário adjunto de Educação de Santa Catarina.
Treinamento em Brasília
Balthazar comenta que servidores da Secretaria de Educação e gestores das escolas foram treinados durante uma semana em Brasília. Eles obtiveram informações sobre como deve ser o modelo e também o regulamento do projeto.
“Isso foi trazido para cá e já foi trabalhado com os professores na primeira semana de ano letivo. Ao mesmo tempo, os oficiais militares já estão sendo treinados”, pontuou.
Expectativa grande
As aulas com a presença dos policiais começam em maio deste ano. Até lá, as mudanças serão implantadas aos poucos. Enquanto isso, a ansiedade e a expectativa só aumentam na escola, principalmente entre os pais.
“A expectativa é bem positiva e enorme. Todo mundo está ansioso, pois, é uma coisa nova para todos”, disse Mara Pasini, mãe de uma aluna.
“Vai ajudar eles a terem mais respeito pelos professores, pais, em tudo na sociedade. Vai ajudar a terem uma formação melhor, a crescer com valores diferentes”, destacou Marcelo Zimmermann, pai de um aluno.
Um monitor para cada 60 a 80 alunos
A proposta prevê que os militares complementem o trabalho dos servidores da Educação, com três oficiais ocupando cargos de gestão na escola, sendo um diretor administrativo, um diretor pedagógico e um coordenador. Os gestores prestarão apoio ao diretor civil, eleito pela comunidade escolar em 2019 e que segue como o responsável pela unidade de ensino.
Para acompanhar a rotina dos alunos e reforçar as atividades de civismo e cidadania, as escolas também receberão soldados e cabos para exercerem a função de monitores. A quantidade será definida de acordo com o número de estudantes de cada escola, com um monitor para cada 60 a 80 alunos da unidade escolar.
Diferença entre os modelos de Chapecó e da Grande Florianópolis
Por ser um programa em fase de implementação, o regimento interno prevê que a escola adapte o modelo de acordo com a realidade dos alunos e servidores e o projeto político-pedagógico das unidades de ensino, etapa que está em fase de execução nas três escolas catarinenses. Uma diferença entre elas será a origem dos militares integrantes e a forma de investimento. A escola Professora Irene Stonoga, em Chapecó, receberá policiais militares da reserva. Como nesta modalidade o Estado assume o investimento nos profissionais que atuarão na escola, o Ministério da Educação irá providenciar a compra de uniformes, formação, aquisição e todas as demais mudanças que serão necessárias na escola.
A situação será diferente nas escolas da Grande Florianópolis. A escola Emérita Duarte Silva e Souza, em Biguaçu, e a escola Prof. Ângelo Cascaes Tancredo, em Palhoça, receberão militares das Forças Armadas. Dessa forma, o governo federal irá disponibilizar os profissionais do Ministério da Defesa e a Secretaria de Estado da Educação fará investimentos na formação dos profissionais, na compra do uniforme e todas as adequações necessárias na estrutura da escola.
Estimativa para o mês de maio
O ano letivo começou normalmente nas três escolas cívico-militares, com o modelo em implementação. A estimativa é que a compra dos uniformes e todo o contexto escolar, incluindo a capacitação dos profissionais, estejam prontos até o mês de maio.
Os oficiais da Polícia Militar passaram por capacitação em Porto Alegre, procedimento que será estendido aos monitores do programa nas próximas semanas, em Chapecó. Os militares das Forças Armadas estão em processo de seleção pelo Ministério da Defesa e terão formação durante o mês de abril.
Cinco valores devem nortear trabalho dos militares
O regimento interno do programa das escolas cívico-militares do governo federal destaca que os profissionais do quadro militar devem atuar com base em cinco valores: honestidade, civismo, dedicação, excelência e respeito. Eles também irão orientar os alunos sobre disciplina, criar ações de educação cívica, auxiliar na conservação da unidade, organizar eventos e oferecer apoio sócio-emocional em situações de bullying.
“A relação entre o nosso corpo de profissionais do magistério e esse corpo de profissionais militares terá uma gestão muito próxima por parte da Secretaria da Educação. Vemos com bons olhos essa interação no processo da educação, sob a perspectiva da escola cumprindo bem o seu papel, de formar bons cidadãos, que saibam fazer as melhores escolhas para as suas vidas”, destaca o secretário de Estado da Educação, Natalino Uggioni.
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