Com todas as urnas apuradas, Macron é eleito novo presidente da França
- Extra.globo.com
- 8 de mai. de 2017
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O candidato centrista pró-europeu Emmanuel Macron, de 39 anos, foi eleito presidente da França neste domingo — o mais jovem da História do país — e substituirá o socialista François Hollande. Com todas as urnas apuradas, Macron venceu a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, com 66,06% dos votos contra 33,94%. Estimativas indicam que a abstenção ficará entre 25,3% e 27%, a maior taxa desde 1969. Os dois candidatos tiveram uma conversa breve e cordial por telefone, antes de divulgadas as primeiras estimativas oficiais, segundo a equipe de Macron. Logo que a vitória se confirmou, uma explosão de alegria invadiu a esplanada do Louvre, em Paris, lotada de simpatizantes do Em Marcha!, que agitavam a bandeira da França.
A vitória de Macron já se refletiu no mercado. A cotação do euro passou de US$ 1,0998 a US$ 1,1010 nas primeiras transações do dia no mercado asiático. Macron vai governar uma França muito dividida politicamente entre zonas urbanas (privilegiadas e reformistas) e as despossuídas (tentadas pelos extremos). Agora, Macron se confrontará com uma série de grandes desafios, como um desemprego endêmico de 10%, a luta antiterrorista e a crise da União Europeia (UE). Em discurso em seu QG de campanha, em Paris, após o anúncio da vitória, Macron afirmou que "combaterá as divisões" entre os franceses. Disse ainda que está consciente "da raiva, da ansiedade e das dúvidas" de seus concidadãos e garantiu que trabalhará para "reconstruir a relação entre a Europa e os cidadãos". Ainda que Marine Le Pen, de 48 anos, tenha perdido por ampla margem, o resultado está longe de ser uma derrota absoluta para ela e para seu partido, a Frente Nacional (FN), que convenceu de 33,9% a 34,5% do eleitorado com promessas contra a imigração e contra a zona do euro. Não apenas isso: criou-se um vácuo entre as principais forças políticas do panorama nacional. Marine desejou sucesso a Macron, lembrando-o de que estará "à frente do combate" nas eleições legislativas de junho. Também comemorou o resultado histórico obtido por seu partido neste segundo turno. No primeiro turno, superou-os com um programa europeísta e liberal em temas econômicos e sociais. Foi para o segundo com uma confortável vantagem nas pesquisas, reforçada no debate com sua adversária. Isso não impediu que levasse um susto de última hora, com um ataque maciço de "hackers", cuja origem é desconhecida e está sendo investigado pelas autoridades. Para o mundo, essas eleições funcionaram como um termômetro para mensurar a força dos populistas e retomar o pulso da União Europeia, após a vitória do Brexit no Reino Unido. A aposta política de Macron foi um sucesso, mas o passo seguinte é uma incógnita. Após eleger seu presidente, os franceses voltam às urnas em junho para votar nas eleições legislativas, dominadas pela incerteza. Líderes mundiais do porte da chanceler alemã, Angela Merkel, e do ex-presidente americano Barack Obama apoiaram seu programa, centrado no slogan: "uma França aberta, confiante e conquistadora" dentro de "uma Europa protetora". Macron será o presidente mais jovem da história da França - mais jovem até mesmo do que Louis-Napoléon Bonaparte, que tinha 40 anos quando foi eleito em 1848 - e um dos mais jovens do mundo. Ele tem cinco anos pela frente para comandar um país com armas nucleares, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, e motor, juntamente com a Alemanha, da União Europeia, cuja zona do euro ele espera dotar de um orçamento, de um Parlamento e de um ministro das Finanças próprio. A vitória desse homem com cara de bom moço, formado nas escolas da elite francesa, encerra uma campanha eleitoral repleta de sobressaltos, na qual os imbróglios judiciais ofuscaram durante um bom tempo os temas de fundo, somando-se ao cansaço de uma população desencantada com os políticos.
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